Eugénio de Andrade, "Canção de Laga"
Era em Laga, setembro e as
suas águas
ardiam na nossa boca. Passou
tanto tempo que para morrer
só
me faltou voltar àquela praia.
Tu tinhas vinte anos, roías
as unhas,
sujavas a camisa
com o molho das ameijoas, eu pouco
mais tinha, nenhum de
nós sabia
como é monstruoso amar assim
com os dias contados pelos
dedos.
Hoje o verão entrou de rompante
pela casa dentro, vinha do
mar,
trazia a luz molhada do teu corpo,
o difícil amor que dói ainda.
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