Eugénio de Andrade, "Não, não é ainda a inquieta luz de março..."
Não, não é ainda a inquieta
luz de março
à proa de um sorriso,
nem a gloriosa ascensão do trigo,
a seda duma andorinha roçando
o ombro nu,
o pequeno e solitário rio adormecido
na garganta;
não, nem o cheiro acidulado e bom
do corpo, depois do amor,
pelas ruas a caminho do mar,
ou o despenhado silêncio
da pequena praça,
como um barco, o sorriso a proa;
não, é só um olhar.
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