Agora, como sempre,
é com outros que se obtem perícia,
pois não é fácil abrir
a porta dos poemas ainda escondidos.
(Baquílides)
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
José Paulo Paes, "O grito"
Um tranquilo riacho suburbano,
Uma choupana em baixo de um coqueiro,
Uma junta de bois e um carreteiro:
Eis o pano de fundo e, contra o pano,
Figurantes - cavalos, cavaleiros,
Ressaltando o motivo soberano,
A quem foi reservado o maio plano
Onde avulta, solene e sobranceiro.
Complete-se a pintura mentalmente
Com o grito famoso, postergando
Qualquer simbologia irreverente.
Nem se indague do artista, casto obreiro
Fiel ao mecenato e ao seu comando,
Quem o povo, se os bois, se o carreteiro.
O poeta refere-se ao quadro Independência ou Morte, de Pedro Américo.

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