Agora, como sempre,
é com outros que se obtem perícia,
pois não é fácil abrir
a porta dos poemas ainda escondidos.
(Baquílides)
domingo, 1 de março de 2015
Odylo Costa, filho, "Um pombo: a tormenta"
Num buraco da pedra refugiou-se
um pombo, só, sem companhia alguma.
A tarde, até então tranquila e doce,
vestiu-se de relâmpagos e bruma,
e a chuva esvoaçou, como se fosse
feita de voo mas também de pluma,
e na explosão que a trovoada trouxe
desfizeram-se as nuvens, uma a uma,
e caíram nas calhas feitas águas
e a água em saudade se mudou de bica...
Água da infância nos lavou a cara...
E como o estouro de uma grande mágoa
que atrás dos olhos quer ficar, não fica,
vi que o pombo nas águas revoara.
E enfrentava a tormenta cara a cara.
Nenhum comentário:
Postar um comentário