Agora, como sempre,
é com outros que se obtem perícia,
pois não é fácil abrir
a porta dos poemas ainda escondidos.
(Baquílides)
sábado, 16 de dezembro de 2017
Tobias Barreto, "Diante do batalhão que voltava da campanha"
Lavas de glória aos terremotos d’alma
Queimam os peitos de paixões estranhas:
É o povo que pesa os seus guerreiros
Na balança em que Deus pesa as montanhas...
Homens do céu, fantásticos, enormes
Que sondastes o gólfão* do heroísmo,
Inda tendes nos pés ensanguentados
Agarradas as pérolas do abismo!
Tendes na fronte um resto de fumaça
Que trazeis das batalhas, e os ressábios**
Do cartucho mordido se misturam
Com o soberbo desdém dos vossos lábios.
O pendão que os relâmpagos rasgaram
Das mãos da guerra bravamente escapo
De que pode servir? O rei tem frio...
Dai ao rei por esmola... este farrapo!
*Gólfão – forma em desuso de golfo.
**Ressábios – mau sabor, ranço.
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