segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Camões, "Quando de minhas mágoas a comprida ..."


Quando de minhas mágoas a comprida
Maginação os olhos me adormece,
Em sonhos aquela alma me aparece
Que para mim foi sonho nesta vida.

Lá numa saudade, onde estendida
A vista pelo campo desfalece,
Corro para ela; e ela então parece
Que mais de mim se alonga, compelida.

Brado: - Não me fujais, sombra benigna ! -
Ela, os olhos em mim c'um brando pejo,
Como quem diz que já não pode ser,

Torna a fugir-me; e eu gritando: - Dina ...,
Antes que diga: -  mene -, acordo, e vejo
Que nem um breve engano posso ter.

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