quinta-feira, 31 de maio de 2018

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Teixeira de Pascoaes, "A dor e o medo"


Quando sozinho, noite morta, rezo,
E a minha voz dos medos me defende,
E a tudo, à terra e ao céu, me sinto preso.
Vejo que a dor é a força que nos prende.

Enlouquecido de alma, canto e rezo.
Aflige-me o silêncio. Quem no entende?
A sombra me sufoca. É negro peso;
E, em fumo, do meu corpo se desprende.

Ó noite triste, noite que apavora,
Golpeada de estrelas, a sorrir...
Desnorteado, o vento clama e chora !

E quem sou eu? Quem sou? Na noite escura.
— O medo à morte certa que há-de vir
E a dor de ser humana criatura.

terça-feira, 29 de maio de 2018

Luís de Camões, "Este amor que vos tenho, limpo e puro..."


Este amor que vos tenho, limpo e puro
De pensamento vil nunca tocado,
Em minha tenra idade começado
Tê-lo dentro nesta alma só procuro.

De haver nele mudança estou seguro,
Sem temer nenhum caso ou duro Fado,
Nem o supremo bem ou baixo estado,
Nem o tempo presente nem futuro.

A bonina e a flor asinha passa;
Tudo por terra o Inverno e Estio deita;
Só pera meu amor é sempre Maio.

Mas ver-vos pera mim, Senhora, escassa,
E que essa ingratidão tudo me enjeita,
Traz este meu amor sempre em desmaio.

segunda-feira, 28 de maio de 2018

domingo, 27 de maio de 2018

Ferreira Gullar









"No corpo"

De que vale tentar reconstruir com palavras
O que o verão levou
Entre nuvens e risos
Junto com o jornal velho pelos ares

O sonho na boca, o incêndio na cama,
o apelo da noite
Agora são apenas esta
contração (este clarão)
do maxilar dentro do rosto.

A poesia é o presente.

sábado, 26 de maio de 2018

Donizete Galvão, "O poço"


                                          I

O poço não é um buraco com água a céu aberto,
mas cristal líquido, cravado no tijuco cinza.

Cada dia o poço é um e está mudado em outro:
à custa de tanto uso, cada manhã mais novo.

Sempre outra é a dança dos círculos até a borda,
que pouca pedra basta para infinitos movimentos.

A primeira água do poço não serve para o pote,
pois sempre há cisco, insetos ou pele de ferrugem.

Entretanto, o fundo do poço tem belezas de parto:
a mina lança brotos de água e insufla areia fina.

Se à noite chove, o poço turva-se como quem morre.
Não amanhece espelho e sim buraco com água suja.

                                       II

Beber água do poço, direto, sem caneca, exige tento,
pois a concha da mão não basta para quem tem sede.

Um modo elegante de para o poço fazer reverência
é tirar o chapéu e mergulhá-lo, agora mudado em copo.

O suor pode botar gosto de sal na água doce do chapéu,
mas o que refresca a garganta, também a cabeça esfria.

Outro modo, é quando há por perto folhas de inhame.
A água desliza no verde com sua película de prata.

E as gotas, na corda bamba, quais aquáticas bailarinas,
bailam tão puras, que a gente sente pena de bebê-las.

Mais um modo, é como o papa deitar-se de corpo inteiro:
a boca beija a água e, do fundo, outro olho nos enxerga.

Enquanto se engole a água, as costelas roçam o chão.
Não se sabe se o pulsar é dela, terra, ou dele, coração.

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Eucanaã Ferraz, "Sem poder dizer de si mesmo"


O Alentejo não tem caroço nem casca,
não tem paredes nem teto; certa vez

um velho deixou suas memórias sobre a mesa
todas queimaram, porque os fantasmas lá

não resistem à luz que se lança de altas espigas
para o pátio onde cada faísca risca e dança

entre sobreiros junhos girassóis e dura
mesmo noite adentro. Sente o cheiro

da madeira queimada? São fantasmas, nada.
O mundo é pequeno, o Alentejo é imenso

e lá estava o homem depois de todas as viagens
sem poder dizer de si mesmo algo como:

o dono e seu retorno. Afinal, onde a casa
o relógio a mulher o cachorro o nome?

O retrato da Virgem a lâmpada a cama onde?
Desdobra-se o horizonte em céus em dunas

de poeira em túnicas no vento em fios
e não há nunca filhos ou amigos ou espelho.

Que lugar a cidade a fidelidade urdindo
desfazendo e outra vez os anéis sem fim

da espera? Indaga os livros os mortos
até que as areias do mar, do mar que

parecia distante,
lentamente - não, de repente - cobrem-lhe

a voz e o tempo. O mundo
é pequeno, o Alentejo é imenso.

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Adriano Espínola, "O cavalo e o mar"


                                                                                    A Fernando Py

Na praia, um cavalo azul
imita o mar.

Com as crinas espumantes,
ondula sobre a areia.
Arremessa-se, furioso,
contra as dunas.

(Na sua garupa de alga,
El-Rei Dom Sebastião,
encantado, já cavalga
com a espada na mão.)

Veloz,
busca asas:
mito trespassado
de sonhos e sargaços.

O mar com suas líquidas patas
cavalga na praia.
Com os músculos retesados
de maré cheia,

investe,
resfolegante,
contra a areia.
Com as crinas de algas,
escoiceia
a manhã.

Encrespa-se todo,
buscando o cavalo:
mito ondulado de sal e tempo.

Ali,
os dois se enfrentam:
o cavalo-marinho
& o mar-eqüestre.

Indiferente,
o sol assiste
à peleja perene das criaturas.

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Fernando Pessoa, "A minha alma ajoelha ante o mistério..."


A minha alma ajoelha ante o mistério
Da sua íntima essência e próprio ser,
Faz altar do sentido de viver
E cálice e hóstia do seu grave etéreo

Senso de se iludir. Corpo funéreo
Doente da vida. Alma a aborrecer
O que nela é corpo… Vida a arder
Tédio, (e) as sombras são seu fumo aéreo.

Sombra de sonho… Hálito de mágoa…
Alma corpo de Deus, disperso e frio
Boiando sobre a morte como em água…

Indecisão… Penumbra do pensar.
Fonte oculta tornada claros rio…
Rio morrendo-se no imenso mar…

domingo, 20 de maio de 2018

Antônio Carlos Secchin, "Poema do infante"


É a noite.
E tudo escava tudo
na língua ambígua que desliza
para o esquivo jogo.
Amargo corpo,
que de mim a mim se furta,
não recuso teu percurso
no hálito das pedras
que me existem em ti
- estéril dorso entre águas
estancadas.
O nada, o perto, o pouco,
não posso dividir
do que se espera o que me habita,
ao fazer fluir a via antiga
de um menino que mediu o lado impuro.
Operário do precário,
me limito nesse corpo amanhecido,
asa e gozo onde a morte mora.
Minha vida, mapeada e descumprida,
está pronta para o preço dessa hora.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Ascânio Lopes, "Sanatório"


Logo, quando os corredores ficarem vazios,
e todo o Sanatório adormecer,
a febre dos tísicos entrará no meu quarto,
trazida de manso pela mão da noite.

Então minha testa começará a arder,
e todo meu corpo magro sofrerá.
E eu rolarei ansiado no leito
com o peito opresso e de garganta seca.

E lá fora haverá um vento mau
e as árvores sacudidas darão medo.
a Morte que quer entrar no meu quarto.

Os meus olhos brilharão como os de uma fera
que defende a entrada da sua morada.

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Cecília Meireles, "Convite melancólico"


Vinde todos, e contemplai-nos:
que somos os da terra fatigados,
de cabelos hirsutos
e de joelhos sem força,
com palavras, paisagens, figuras humanas
pregadas para sempre em nossa memória.

Já nem queremos nada,
tanto estamos desgostosos:
nem água nem ouro nem beijo.
Para nunca mais – o horizonte e a sua flor!

Podeis vir, que já se extinguiram as revelações.
Nada vos custa o espetáculo.
Rasgou-se o traçado em que nós gastamos em sonho,
e a arquitetura que trazíamos
voa de novo, em números celestes.

Vinde e contemplai-nos, que entardece.
Nossas sombras caminham para o reino da Sombra.
Nunca mais sabereis como foram os nossos olhos:
vinde vê-los para (se isto ainda se repetir)
vossos filhos reconheceram prontamente
os modos e o destino dos que apenas amaram,
e passaram,
amarrados,

eles, que tinham vindo
mostrar apenas o divino dinamismo!

terça-feira, 15 de maio de 2018

Leis estranhas em New Jersey (EUA)


-- Quando, no trânsito, um policial fizer a pergunta padrão “você sabe por que mandei você encostar?” e o motorista responder “se você não sabe, não sou eu que vai lhe dizer”, este será automaticamente multado em US$ 300.
-- Motoristas devem advertir a quem quiser ultrapassar nas estradas, antes de fazê-lo.
-- Tintas de spray não podem ser vendidas, sem uma placa advertindo aos jovens sobre as penalidades para pichação.
-- Usar coletes à prova de bala ao cometer um crime é ilegal.
-- É obrigatório emprestar o telefone a uma pessoa que tiver uma emergência.
-- Um homem não pode tricotar durante a estação de pesca.
-- É proibido fechar a cara para um policial.
-- Maio é designado o “Mês da Conscientização da Bondade”.
-- Quem for condenado por dirigir intoxicado nunca mais receberá uma placa de veículo personalizada.
-- É proibido consumir sopa ruidosamente.
-- Em Blairstown: É proibido jogar cinzas na calçada.
-- Em Newark, é ilegal vender sorvete depois das 18h, a não ser que o cliente tenha uma autorização de seu médico.

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Adriano Espínola, "Lixeira"


As cascas de ovo
& de banana
a folha de jornal
da semana
pedaços de couve
& de tomate
a palavra que sal-
tou suja de chão
o gesto que ficou
pela metade
a história que não
houve:
tudo isso úmido
tudo isso ido
doídoamassado
dentro de ti
e do saco de lixo.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Antônio Carlos Secchin, "Autoretrato"


                                                     A Flávia Ampan

Um poeta nunca sabe
onde sua voz termina,
se é dele de fato a voz
que no seu nome se assina.
Nem sabe se a vida alheia
é seu pasto de rapina,
ou se o outro é que lhe invade,
numa voragem assassina.
Nenhum poeta conhece
esse motor que maquina
a explosão da coisa escrita
contra a crosta da rotina.
Entender inteiro o poeta
é bem malsinada sina:
quando o supomos em cena,
já vai sumindo na esquina,
entrando na contramão
do que o bom senso lhe ensina.
Por sob a zona da sombra,
navega em meio à neblina.
Sabe que nasce do escuro
a poesia que o ilumina.

quinta-feira, 10 de maio de 2018

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Bandeira Tribuzzi, "Poema"


Um cão ladrou
na noite obscura
tremores frios
de inanição
A mulher magra
esperou cansada
que a carne exausta
fosse chamariz
Poucos sexos jovens
se investigaram
muitos não conseguiram
fugir à frustração
Alguns descansaram
outros se diluíram
o caixote de lixo
esperou esperou
Depois rompeu
a madrugada.

terça-feira, 8 de maio de 2018

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Francisco Carvalho, "Bolhas de sabão"


Os homens se divertem com as palavras
como as crianças se divertem com bolhas de sabão.
Ai daquele que põe o coração nas palavras
porque depois vem a perdê-lo
como se perde a identidade da imagem num espelho
partido.
Ai daquele que depositou seu fardo de sonhos
às costas das palavras.
As palavras são como as velas de uma nau que perdesse
a rota da bússola.
Teu coração é um labirinto de palavras
mas as palavras precisam de tuas sensações para existir
e as tuas sensações não são menos abstratas
do que as sete verdades do arco-íris.

Mastigas diariamente as palavras
como se elas fossem um bálsamo para a alma.
As palavras te governam e te configuram
delimitam as fronteiras de tua solidão
os caminhos da eternidade e do adeus.
As palavras assinalam o momento de tua morte
e te ensinam a abrir a porta onde não existe porta.

sábado, 5 de maio de 2018

Konstantinus Kaváfis, "Monotonia"


A um dia monótono, outro
monótono, idêntico, segue. Ocorrerão
as mesmas coisas; essas novamente ocorrerão
– os instantes, semelhantes, encontram-nos e deixam-nos.

Um mês passa e traz outro mês.
Essas coisas que chegam facilmente se presumem:
são aquelas de ontem, as enfadonhas.
E o amanhã acaba por já não parecer um amanhã.

Tradução de Ísis Borges da Fonseca

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Leis estranhas em New Hampshire (EUA)


-- Não é permitido dar tapinhas no pé, balançar a cabeça ou acompanhar o ritmo de uma música, de qualquer forma, em uma taverna, restaurante ou café.
-- É proibido vender a roupa que se está usando para pagar dívida de jogo.
-- Registrar-se em hotel com nome falso é ilegal.
-- Apanhar algas na praia é ilegal.
-- Qualquer boi ou vaca que cruzar estradas estaduais deve estar equipado com um recipiente para coletar suas fezes.
-- É proibido operar máquinas aos domingos.
-- Aos domingos, os cidadãos não podem se “aliviar” olhando para cima.
-- Em Claremont: Em cemitérios, é ilegal ficar bêbado, fazer piquenique, permanecer à noite e, para menores de 10 anos, entrar sozinhos no local.
-- Em White Mountain National: Se uma pessoa for pega limpando a praia, apanhando lixo ou construindo um banco no parque sem uma licença ou fazer serviços de manutenção da floresta nacional sem licença, poderá ser multada em US$ 150.

quinta-feira, 3 de maio de 2018

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Fernando Pessoa (Álvaro de Campos), "Se te queres matar..."


Se te queres matar, por que não te queres matar?
Ah, aproveita! que eu, que tanto amo a morte e a vida,
Se ousasse matar-me, também me mataria...
Ah, se ousares, ousa!
De que te serve o quadro sucessivo das imagens externas
A que chamamos mundo?
A cinematografia das horas representadas
Por actores de convenções e poses determinadas,
O circo policromo do nosso dinamismo, sem fim?
De que te serve o teu mundo interior que desconheces?
Talvez, matando-te, o conheças finalmente...
Talvez, acabando, comeces...
E, de qualquer forma, se te cansa seres,
Ah, cansa-te nobremente,
E não cantes, como eu, a vida por bebedeira,
Não saúdes, como eu, a morte em literatura!

Fazes falta? Ó sombra fútil chamada gente!
Ninguém faz falta; não fazes falta a ninguém...
Sem ti correrá tudo sem ti.
Talvez seja pior para outros existires que matares-te...
Talvez peses mais durando, que deixando de durar...

A mágoa dos outros?... Tens remorso adiantado
De que te chorem?
Descansa: pouco te chorarão...
O impulso vital apaga as lágrimas pouco a pouco,
Quando não são de coisas nossas,
Quando são do que acontece aos outro, sobretudo a morte.
Porque é a coisa depois da qual nada acontece aos outros...

Primeiro é a angústia, a surpresa da vinda
Do mistério e da falta da tua vida falada...
Depois o horror do caixão visível e material,
E os homens de preto que exercem a profissão de estar ali.
Depois a família a velar, inconsolável e contando anedotas,
Lamentando entre as últimas notícias dos jornais da noite,
Interseccionando a pena de teres morrido com o último crime...
E tu mera causa ocasional daquela carpidação,
Tu verdadeiramente morto, muito mais morto que calculas...
Muito mais morto aqui que calculas,
Mesmo que estejas muito mais vivo além...

Depois a retirada preta para o jazigo ou a cova,
E depois o princípio da morte da tua memória.
Há primeiro um alívio em todos
Da tragédia um pouco maçadora de teres morrido...
Depois a conversa aligeira-se quotidianamente,
E a vida de todos os dias retoma o seu dia...

Depois, lentamente esqueceste.
Só és lembrado em duas datas aniversariante:
Quando faz anos que nasceste, quando faz anos que morreste.
Mais nada, mais nada. Absolutamente mais nada.
Duas vezes no ano pensam em ti,
Duas vezes no ano suspiram ti os que te amaram,
E uma ou outra vez suspiram se por acaso se fala em ti.

Encara-te a frio, e encara a frio o que somos...
Se queres matar-te, mata-te...
Não tenhas escrúpulos morais, receios de inteligência!...
Que escrúpulos ou receios tem a mecânica da vida?
Que escrúpulos químicos tem o impulso que gera
As seivas, e a circulação do sangue, e o amor?
Que memória dos outros tem o ritmo alegre da vida?

Ah, pobre vaidade de carne e osso chamada homem,
Não vês que não tens importância absolutamente nenhuma?
És importante para ti, porque é a ti que te sentes.
És tudo para ti, porque para ti és o universo,
E o próprio universo e os outros
Satélites da tua subjectividade objectiva.
És importante para ti, porque só tu és importante para ti.
Se és assim, ó mito, não serão os outros assim?

Tens, como Hamlet, o pavor do desconhecido?
Mas o que é conhecido? o que é que tu conheces,
Para que chames desconhecido a qualquer coisa em especial?

Tens, como Falstaff, o amor gorduroso da vida?
Se a amas materialmente, ama-a ainda mais materialmente:
Torna-te parte carnal da terra e das coisas!
Dispersa-te, sistema físico-químico
De células nocturnamente conscientes
Pela nocturna consciências da inconsciência dos corpos,
Pelo grande cobertor não-cobrindo-nada das aparências,
Pela relva e a erva da proliferação dos seres,
Pela névoa atómica das cousas,
Pelas paredes turbilhonantes
Do vácuo dinâmico do mundo...

terça-feira, 1 de maio de 2018

Florbela Espanca, "A minha dor"


                                                               A você 

A minha Dor é um convento ideal
Cheio de claustros, sombras, arcarias,
Aonde a pedra em convulsões sombrias
Tem linhas dum requinte escultural.

Os sinos têm dobres de agonias
Ao gemer, comovidos, o seu mal...
E todos têm sons de funeral
Ao bater horas, no correr dos dias...

A minha Dor é um convento. Há lírios
Dum roxo macerado de martírios,
Tão belos como nunca os viu alguém!

Nesse triste convento aonde eu moro,
Noites e dias rezo e grito e choro,
E ninguém ouve... ninguém vê... ninguém...