domingo, 31 de janeiro de 2016

Leis estranhas na Califórnia (EUA)

Califórnia

-- Mulheres não podem dirigir de roupão.
-- É ilegal proibir as crianças de brincar em poças de água.
-- Animais não podem se acasalar em público, dentro de uma distância de 457 metros de uma taverna, escola ou igreja.
-- Produtores de filme devem ter uma permissão de um pediatra para filmar bebês com menos de um mês.
-- É ilegal permitir a um cachorro perseguir um urso ou lince, a qualquer tempo.
-- Casas de banho são proibidas por lei.
-- Em Arcadia: Pavões têm preferência ao cruzar qualquer rua, incluindo entradas de garagem.
-- Em Baldwin Park: A ninguém é permitido andar de bicicleta em uma piscina.
-- Em Blythe: só tem permissão para usar botas de “cowboy” quem tiver pelo menos duas vacas.
-- Em Carmel: Um homem não pode sair à rua usando calça e paletó que não combinam. Também: Mulheres não podem usar saltos altos dentro dos limites da cidade.
-- Em Chico: Quem quer que detonar um dispositivo nuclear, dentro dos limites da cidade, será multado em US$ 500.
-- Em Los Angeles: Um garçom é proibido de dizer ao cliente que, na verdade, é um ator. Também: É ilegal dar banho em dois bebês, na mesma banheira, ao mesmo tempo.
-- Em San Francisco, é ilegal fazer um monte de esterco de cavalo mais alto que 1,8 metro em uma esquina. Também: É proibido usar uma cueca usada para secar carros em car wash.
-- Em San Jose e Sunnyvale: Os mercados não podem usar sacos plásticos.

sábado, 30 de janeiro de 2016

João Carlos Teixeira Gomes, "Soneto da morte sem susto"


Minha única certeza é minha morte.
Virá festiva, com pendões vermelhos,
Provocadora com seu riso forte.
Mas me verá de pé, não de joelhos.

Pode vir de mansinho a forasteira
Ou numa orgia de ossos e fanfarras,
Com dois laços de fita na caveira
E o ágil chocalhar das finas garras.

Eu que os mares amei, e o sol tirânico,
Os flavos grauçás de dorso enxuto,
As moças de maiô e o vento atlântico,

Sereno hei de esperá-la em meu reduto.
E assim ao ver-me, sem sinal de pânico,
A própria morte se porá de luto.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Miguel Torga, "Mar"


Mar!
Tinhas um nome que ninguém temia:
Era um campo macio de lavrar 
Ou qualquer sugestão que apetecia...


Mar!
Tinhas um choro de quem sofre tanto
Que não pode calar-se, nem gritar,
Nem aumentar nem sufocar o pranto...


Mar!
Fomos então a ti cheios de amor!
E o fingido lameiro, a soluçar,
Afogava o arado e o lavrador!


Mar!
Enganosa sereia rouca e triste!
Foste tu quem nos veio namorar,
E foste tu depois que nos traíste!


Mar!

E quando terá fim o sofrimento!
E quando deixará de nos tentar
O teu encantamento!


quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Alexandre O'Neill, "Amigo"


Mal nos conhecemos
Inauguramos a palavra "amigo"

"Amigo" é um sorriso
De boca em boca
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

"Amigo" (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
"Amigo" é o contrário de inimigo!

"Amigo" é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.

"Amigo" é a solidão derrotada!

"Amigo" é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
"Amigo" vai ser, é já uma grande festa!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Eugénio de Andrade, "Arima"


Uma gaivota - dizes.
Sim, uma gaivota
passa distante, e arde.
O teu rosto é azul,
e contudo está cheio
de oiro da tarde.

Uma gaivota.
Alma do mar e tua,
abandona-se à luz.
E na boca nem eu sei
se me nasce o coração,
ou se é a lua.

domingo, 24 de janeiro de 2016

Miguel Torga

"Requiem por Mim"
Aproxima-se o fim.
E tenho pena de acabar assim,
Em vez de natureza consumada,
Ruína humana.
Inválido do corpo
E tolhido da alma.
Morto em todos os órgãos e sentidos.
Longo foi o caminho e desmedidos
Os sonhos que dele tive.
Mas ninguém vive
Contra as leis do destino.
E o destino não quis
Que eu me cumprisse como porfiei,
E caísse de pé, num desafio.
Rio feliz a ir de encontro ao mar
Desaguar,
E, em largo oceano, eternizar
O seu esplendor torrencial de rio.
Coimbra, 10 de Dezembro de 1993
Este foi o último poema publicado por Miguel Torga.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Ivan Junqueira, "É tanto o resplendor"


É tanto o resplendor da alma humana
que me ponho de joelhos, boquiaberto,
diante da nua luz que dele emana,
qual uma flama em ermo céu aberto.
É tanto esse esplendor que não a engana
a trama dos sentidos, ou o incerto
festim da carne que, voraz, se afana
em mantê-la de si sempre mais perto,
sobretudo se a embosca no deserto,
onde o sol, na lonjura seca e plana,
é um desafio à sua glória, à gana
que lhe dá pôr-se toda a descoberto.
É tanta a luz que exala da alma humana
que ela jamais consigo se engalana.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Lúcio Cardoso, "Venho dizer-te Adeus"


Venho dizer-te Adeus.
Abro a porta e refaço a nossa vida,
os momentios supremos
e os instantes sem força no horizonte.
Venho dizer-te Adeus porque já não sou o mesmo,
e é triste, porque a minha febre
eu a desejei eterna como também a desejaste,
talvez, quem sabe, única
nos imensos momentos que sonhamos.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Genia Kühmeier e Shintaro Nakajima cantando o "Pie Jesu", do Réquiem de Andrew Lloyd Webber, com a Orquestra Sinfônica da Rádio de Viena, sob regência do maestro Karel Mark Chichon.

Shang Jinglan, "Eu choro a morte do meu marido"


Tu me deixaste, mas teu nome é imortal.
Triste, eu te serei sempre fiel.
Tu te sacrificaste por teus princípios.
Eu continuo a dar amor aos nossos filhos.
Tua desgraça pertence ao passado.
Agora, foi erguida uma estrela em tua memória.
De agora em diante, tu, morto e eu, viva,
Seguiremos dois caminhos diferentes.
Mas tua integridade e minha fidelidade
Vão sempre nutrir um ao outro.

Shang Jinglan (1596-1651) foi uma poeta da dinastia Ming. Seu marido foi castigado durante oito anos devido à sua franqueza, e, no fim da dinastia Ming, após ele organizar a resistência aos invasores manchus, se suicidou pulando num lago. 
Shang Jinglan escreveu este poema diante de sua tumba.

O poema foi traduzido do chinês para o francês por Shi Bo, e dai para o português por Sérgio Caparelli.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Leis Estranhas no Arkansas (EUA)


-- É ilegal para uma mulher que se casa pela segunda vez usar vestido de noiva branco.
-- O homem pode bater na mulher, mas não mais que uma vez por mês.
-- É terminantemente proibido pronunciar “Arkansas” incorretamente.
-- As águas do rio Arkansas não podem subir mais do que a altura da ponte da Main Street em Little Rock.
-- Professoras que usarem bóbis nos cabelos não receberão aumento de salário.
-- Sexo oral é considerado sodomia.
-- Jacarés não podem ser mantidos em banheiras.
-- Em Fayetteville: É ilegal matar qualquer criatura viva.
-- Em Little Rock: Cachorros não podem latir depois das 18h. Também: Flertar nas ruas da cidade pode resultar em até 30 dias de cadeia.


sábado, 16 de janeiro de 2016

Jorge Luis Borges



















"h.o."

Em certa rua há certa firme porta
Com a campainha e o número preciso
E um sabor de perdido paraíso,
Que nos entardeceres não está aberta
A minha passagem. Finda a jornada,
Uma esperada voz me esperaria
Na desagregação de cada dia
E no sossego da noite enamorada.
Essas coisas não são. Outra é minha sorte;
As vagas horas, a memória impura,
O exagero da literatura
E no limite a indesejada morte.
Só desejo esta pedra. Meu pedido
São duas datas abstratas e o olvido.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Wilson Rocha, "Extende Manum tuam super mare"


Busca os mistérios mais sutis, esses
de que se formam as coisas mais simples
- o sortilégio do azul, por exemplo,
que é a infância das sombras,
e a tristeza do amor,
feito de solidões.
Olha profundamente a beleza fugitiva,
a forma vã, a pequenez da criatura
- essa impressentida extensão.
Guarda cada momento, que é a vida passando
- esse mover-se em distâncias.
Escuta, no teu e em cada coração,
o fluir da eternidade destilando
a densidade dos tempos.
Contempla a majestade do infinito.


Stasa Mirkovic Grujic tocando o "Clair de Lune", de Claude Debussy

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Lúcio Cardoso, "Fim de carta"


O tempo, recordo. A face era a mesma.
Amor meu, que nome atirado
ao fluir dos dias representará neste verso
o nome teu?

Que importa? Por cima,
a lua aflige uma enlutada primavera.
Os olhos com que te procuro
são escoadas luzes sem finalidade.

O que aconteceu, éramos nós.
Podemos reviver a velha chama,
as tardes de verão, o campo atormentado.
Jamais, jamais tornaremos a existir.

O que nos resta é expirar,
que o castigo, do erro, é a face iluminada.
Relembro o nome, e se o digo
é que no tempo a fidelidade
já não responde mais a ser algum.
Fomos - e o ter sido
aí - desvenda agora o tudo ter falhado.



terça-feira, 12 de janeiro de 2016

António Feijó, "Armadura"


Desenganos, traições, combates, sofrimentos, 
Numa vida já longa acumulados, vão 
— Como sobre um paul contínuos sedimentos,
Pouco a pouco envolvendo em cinza o coração.
 
E a cinza com o tempo atinge uma espessura
Que nem os mais cruéis desesperos abalam;
É como tenebrosa, impávida armadura
Ou couraça de bronze em que os golpes resvalam. 

Impermeável da Inveja à peçonhenta bava,
Nela a Calúnia embota os seus dentes ervados;
Não há braço que possa amolgá-la, nem clava
Que nesse duro arnês se não faça em bocados. 

E no entanto, através dessas rijas camadas,
Ou rompendo por entre as juntas da armadura,
Escorrem muita vez gotas ensanguentadas
Que o coração verteu dalguma chaga obscura... 

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

domingo, 10 de janeiro de 2016

Donizete Galvão, "Lâmpada"


                                para André Luiz Pinto

De tanto ser vista,
gasta-se a beleza
das coisas que em si
guardam a perfeição.

Quando a retina
esquece o vício,
sai da embalagem
a escultura lisa.

Bulbo leitoso,
com vidro soprado,
com frágeis hastes
em florescências.

Leve máquina
que concentra
a capacidade
de engolir sombras.

sábado, 9 de janeiro de 2016

Estêvão Rodrigues de Castro, "Ausente, pensativo, e solitário"


Ausente, pensativo, e solitário,
como se vos tivera ali presente,
dou, e tomo as razões ousadamente
firme em amor, em pensamento vário.

Quando venho ante vós com um temerário
fervor renovo na alma juntamente
quantos cuidados tive estando ausente,
que tudo em tal aperto é necessário.

Uns aos outros se impedem na saída
e querem cometer, e não se abalam,
e vou para falar, e fico mudo.

Porém, meus olhos, minha cor perdida,
meu pasmo, meu silêncio, por mim falam,
e não dizendo nada, digo tudo.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Donizete Galvão, "Nem o corpo"


No seu bangalô,
sob o viaduto,
uma estrela
nunca salpicou o chão.
As balas dos revolveres
furaram o zinco.
Só restaram o abandono,
em sua nudez,
e umas roupas
penduradas no varal.
Ali permanecem,
tesas e encardidas,
em meio à fumaça
dos escapamentos.

Não,
ninguém as reivindicou
como herança.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Lúcio Cardoso, "Repente"


Preciso do repente, como quem abre
a fresta de um relâmpago.
Ah céu anoitecido onde vivo,
que importa o desalinho
se a febre é o meu sistema?
Descerrem-se portas, retinam
momentos de luz, trevas feridas,
missas proibidas, primaveras.

Tudo serve à fome que me impele.


terça-feira, 5 de janeiro de 2016

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Lúcio Cardoso, "Testamento de Lúcio Cardoso feito em nome de Liliane Lacerda de Meneses"


Tenho um casaco escuro. Um baú
onde guardo coisas que não interessam a ninguém.
Um pássaro  - mas de palha. Um dedal.
Uma velha medida de prata
que nunca serviu para pesar nem o bem nem o mal.
Uma gravata de seda que quando o vento dá
infla e voa - e é bela como se eu mesmo voasse -
um sorriso que vem mas é sempre como se acabasse.
Tenho uns livros: escritos quando?
E esses outros que trago, e vão andando comigo,
e flores que são sempre desse porão vedado
onde vivo
mais do que vivo essa vida de inventado?
Que espírito me fez nestas coisas
onde nunca me acho?
Que alma alucinada ditou o meu tesouro?
Que ouro assina no fim a ata deste livro?
Que impuro desejo atira o guardado
deste bem-estar de que me privo?
Ai, é que a hora não é a do sinal.
O amarelo do crivo inventa sua usura;
tenho mais - mas é tão pouco o que ainda tenho.
Tenho um amigo. Se for mais longe, um rio
de menino escorre o seu passar no vento.

Há sempre de mim um desmandado desmedido,
nesse amargor que me sucede quando, impotente,
dançando vou ao fim do muro.
Tenho sempre guardado um tempo de doente.
Às vezes, calmo, tenho de repente meu espanto:
não sei quem sou e nem a que me avenho.
Ah, ia esquecendo: tenho um assovio antigo,
que nos quintais eu chamo os cães que já passaram.
Tenho - e quem não tem? - um traje de marinheiro azul e manso.
(O traje é morto: há nele um ranço de madrugada que já não existe
                                                                                                 [ mais.)

Outras coisas tenho, e não sei a quem doá-las.
Um travesseiro de menino, feito de fustão vermelho,
onde muitas vezes chorei a minha escolha de ser vivo.
Essas miudezas a que ninguém liga - uma paisagem,
um céu que dei de presente a uma amiga tão pobre como eu,
uns botões que foram de roupas já sem identidade,
rosas. Essas rosas tão desmerecidas na sua invenção de flor
no seu símbolo usado até ao não-entendimento.
Outras coisas tenho, e nenhuma delas tem nome.
Fica o dom sem especificar o objeto.
E se me for antes que o tempo seja de partida,
não quero esse preto sem alma
que se chama outro -
quero apenas vivo, quando o vinho cintilar num copo branco
e a hora for propícia. O nome - CARDOSO,
LÚCIO - virá de súbito em meio a conversa sem sentido
e será como uma coisa muito antiga,
- aquele tempo - e tudo, mesmo usado,
recomeçará a ficar moço de repente.

domingo, 3 de janeiro de 2016

Leis estranhas no Arizona (EUA)


-- É proibido fabricar imitação de cocaína.
-- Quando atacado por um criminoso ou assaltante, a pessoa só pode se defender com a mesma arma que a outra pessoa possui.
-- É proibido mentir sobre o seu signo astral.
-- É ilegal fotografar nus antes do meio-dia, no domingo.
-- Caçar camelos é ilegal.
-- É um delito de classe 2 colocar um símbolo em uma bandeira que irá, provavelmente, provocar uma retaliação física.
-- É ilegal recusar um copo de água a uma pessoa.
-- E proibido ter mais de dois “consolos” em casa.
-- Qualquer delito cometido, enquanto se usa uma máscara vermelha, é considerado um crime.
-- A pena de prisão para quem cortar um cacto é de até 25 anos.
-- Macacos não podem dormir em banheira.
-- Em Globe: é proibido jogar cartas com índios na rua.
-- No Condado de Mohave: Quem for pego roubando sopa, deve ser esfregado com ela até que acabe.
-- Em Nogales: É proibido usar suspensórios.
-- Em Prescott: É proibido subir de cavalo as escadarias do tribunal.

Copiado do site Consultor Jurídico

sábado, 2 de janeiro de 2016

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Francisco Sá de Miranda, "O sol é grande, caem com a calma as aves..."


O sol é grande, caem com a calma as aves,
do tempo em tal sazão, que sói ser fria,
esta água que de alto cai acordar-meia
do sono não, mas de cuidados graves.

Ó cousas, todas vãs, todas mudaves,
qual é tal coração que em vós confia?
Passam os tempos, vai dia trás dia,
incertos muito mais que ao vento as naves.

Eu vira já aqui sombras, vira flores,
vi tantas águas, vi tanta verdura,
as aves todas cantavam de amores.

Tudo é seco e mudo, e, de mesura,
também mudando eu me fiz de outras cores:
e tudo o mais renova, isto é sem cura.