quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Miguel Torga, "Mar"


Mar!
Tinhas um nome que ninguém temia:
Era um campo macio de lavrar 
Ou qualquer sugestão que apetecia...


Mar!
Tinhas um choro de quem sofre tanto
Que não pode calar-se, nem gritar,
Nem aumentar nem sufocar o pranto...


Mar!
Fomos então a ti cheios de amor!
E o fingido lameiro, a soluçar,
Afogava o arado e o lavrador!


Mar!
Enganosa sereia rouca e triste!
Foste tu quem nos veio namorar,
E foste tu depois que nos traíste!


Mar!

E quando terá fim o sofrimento!
E quando deixará de nos tentar
O teu encantamento!


Nenhum comentário:

Postar um comentário