quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Lúcio Cardoso, "Fim de carta"


O tempo, recordo. A face era a mesma.
Amor meu, que nome atirado
ao fluir dos dias representará neste verso
o nome teu?

Que importa? Por cima,
a lua aflige uma enlutada primavera.
Os olhos com que te procuro
são escoadas luzes sem finalidade.

O que aconteceu, éramos nós.
Podemos reviver a velha chama,
as tardes de verão, o campo atormentado.
Jamais, jamais tornaremos a existir.

O que nos resta é expirar,
que o castigo, do erro, é a face iluminada.
Relembro o nome, e se o digo
é que no tempo a fidelidade
já não responde mais a ser algum.
Fomos - e o ter sido
aí - desvenda agora o tudo ter falhado.



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