sábado, 16 de janeiro de 2016

Jorge Luis Borges



















"h.o."

Em certa rua há certa firme porta
Com a campainha e o número preciso
E um sabor de perdido paraíso,
Que nos entardeceres não está aberta
A minha passagem. Finda a jornada,
Uma esperada voz me esperaria
Na desagregação de cada dia
E no sossego da noite enamorada.
Essas coisas não são. Outra é minha sorte;
As vagas horas, a memória impura,
O exagero da literatura
E no limite a indesejada morte.
Só desejo esta pedra. Meu pedido
São duas datas abstratas e o olvido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário