terça-feira, 4 de junho de 2013

Jorge Luis Borges, "Ausência"


Haverei de edificar a vasta vida
que ainda agora é teu espelho:
toda manhã haverei de reconstruí-la.
Desde que te afastastes,
tantos lugares tornaram-se inúteis
e sem sentido, como
luzes ao dia.
Tardes que foram nichos da tua imagem,
músicas onde sempre me aguardavas,
palavras daquele tempo,
eu terei que quebra-las com as próprias mãos.
Em que profundezas esconderei minha alma
para que não enxergue a tua ausência,
que como um sol terrível, sem ocaso,
brilha definitiva e desapiedada?
Tua ausência me rodeia
como a corda ao pescoço,
o mar ao que naufraga.

Tradução amadora minha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário