segunda-feira, 13 de novembro de 2017

José Godoy Garcia, ""As grades, nossa confiança"


As casas estão guardadas. As casas, nossas casas,
estão cercadas a ferro, contra ladrões.
Mais felizes que as moças, as que são violentadas
nas horas noturnas e nas horas do dia, as casas,
nossas casas, estão vigiadas pelos cães,
pelos guardas, pelas grades de ferro enormes.
Em Brasília, virgem imaculada, os tapumes
sobem a mil metros e são como lanças
dos velhos guerreiros de impérios loucos;
os habitantes olham por entre os ferros
e se imunizam do mundo, as grandes lanças
de pontas superagudas desafiam o invasor.
Ninguém ultrapassará os umbrais de nossas
casas, em Brasília, em Goiânia, Uberaba.
Há infinitos seres perversos lá fora.
Mas aqui dentro nós vivemos nossa paz.

Não passarão, nem o temporal, nem duendes,
nem a memória, nada, estamos ilhados,
cercados, vigiados, seguros, prontos,
solertes, imaculados da sanha inimiga
que ronda lá fora, como pássaros e
répteis loucos famintos de vingança
contra nossa vitória na vida,
nossa honra, nossa oração, nossa
santidade, nossa serena confiança
nas instituições e em Deus.

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