quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Donizete Galvão, "Travo"


                                                   Para Ronald Polito

O sol bate nas encostas
e expõe o prata das pedras.
O gavião dá seu grito de triunfo
no último voo em direção à mata.
A flor de cacto abre suas pétalas.
Exala um odor de carniça
que embriaga as moscas
e as atrai para suas tramas de morte.
Os amantes debruçam-se
sobre o muro da varanda
e choram pelo frescor da pele
que lhes foi arrebatado.
No consolo do beijo,
o tempo pôs seu tanino.

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