Baixei as tranças para que viesses,
dei-te a chave para que habitasses
os meus quartos mais secretos.
Mas de repente vejo-te na praia
buscando um horizonte diferente
que nem eu antes disso pressentia.
Quero deixar-te, sem desprender-me
de tudo isso que sou e desejaste,
e me dói, e me espanta e me remorde
abrir a mão para o teu sonho alado
sem te cobrar ternuras nem cuidados
com o que conquistaste e já não queres,
que te libertaria mas te algema
e que te inquieta agora, com desejos
de correr, de voar, de estar ausente.
Quero ser o que ainda ontem fomos,
quero ter o que nós tivemos,
quero que a realidade se recolha
e permaneça, entre nós, a fantasia.
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Lya Luft, "Canção do Estranhamento".
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