sábado, 9 de fevereiro de 2013

António Botto, "Homem que vens ..."


Homem que vens de humanas desventuras,
Que te prendes à vida e te enamoras,
Que tudo sabes e que tudo ignoras,
Vencido herói de todas as loucuras;

Que te debruças pálido nas horas
Das tuas infinitas amarguras -
E na ambição das coisas mais impuras
És grande simplesmente quando choras;

Que prometes cumprir e que te esqueces,
Que te dás à virtude e ao pecado.
Que te exaltas e cantas e aborreces,

Arquiteto do sonho e da ilusão
Ridículo fantoche articulado
- Eu sou teu camarada e teu irmão. 

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