segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

João da Cruz e Souza, "Ódio sagrado"


Ó meu ódio, ódio majestoso,
Meu ódio santo e puro e benfazejo,
Unge-me a fronte teu grande beijo,
Torna-me humilde e torna-me orgulhoso.

Humilde, com os humildes generoso,
Orgulhoso com os seres sem Desejo,
Sem Bondade, sem fé e sem lampejo
De sol fecundador e carinhoso.

Ó meu ódio, meu lábaro bendito,
De minh'alma agitada no infinito,
Através de outros lábaros sagrados.

Ódio são, ódio bom! sê meu escudo
Contra os vilões do Amor, que infamam tudo,
das sete torres dos mortais pecados!

Nenhum comentário:

Postar um comentário