quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Joaquim Cardozo, "Chuva de caju"


Como te chamas, pequena chuva inconstante e breve?
Como te chamas, dize, chuva simples e leve.
Teresa? Maria?
Entra, invade a casa, molha o chão,
Molha a mesa e os livros.
Sei de onde vens, sei por onde andaste.
Vens dos subúrbios distantes, dos sítios aromáticos
Onde as mangueiras florescem, onde há cajus e mangabas,
Onde os coqueiros se aprumam nos baldes dos viveiros
E em noites de lua cheia passam rondando os maruins:
Lama viva, espírito do ar noturno do mangue.
Invade a casa, molha o chão,
Muito me agrada tua companhia,
Porque eu te quero muito bem, doce chuva,
Quer te chames Teresa ou Maria.

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