domingo, 8 de novembro de 2009

Vasco Graça Moura, "Poema".

Silenciosamente aproximo-me do poema
circundo-o duma palavra       faço nela
uma incisão deliberada

e exponho a ferida ao ar sem protegê-la
para que infecte e frutifique

De resina       ainda com gosto a papel húmido
o poema cresce      ramifica-se
comovidamente do cerne para a casca
inteiro       liso      adstringente       sinuoso

Mas
todo poema é perfeitamente impuro

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