sexta-feira, 28 de maio de 2010
Adélia Prado
"A Serenata"
Uma noite de lua pálida e gerânios
ele virá com a boca e mão incríveis
tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobo
o que não for natural como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos,
a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
- só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela,se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?
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Quase me apetecia repetir parte do que escreveste no meu blogue, mas aqui referido à nossa língua comum. Que bem que os poetas brasileiros a tratam!
ResponderExcluirGostei muito deste poema.