quarta-feira, 19 de maio de 2010

Vinícius de Moraes, "Saudade de Manuel Bandeira" e Manuel Bandeira, "Resposta a Vinícius"










Poema de Vinícius de Moraes, escrito em 1941

"Saudade de Manuel Bandeira"

Não foste apenas um segredo
De poesia e de emoção
Foste uma estrela em meu degredo
Poeta, pai! áspero irmão.

Não me abraçaste só no peito
Puseste a mão na minha mão
Eu, pequenino – tu, eleito
Poeta, pai! áspero irmão.

Lúcido, alto e ascético amigo
De triste e claro coração
Que sonhas tanto a sós contigo
Poeta, pai, áspero irmão?

Resposta de Manuel Bandeira, escrito em 1948

"Resposta a Vinícius"

Poeta sou; pai, pouco; irmão, mais.
Lúcido, sim; eleito, não.
E bem triste de tantos ais
Que me enchem a imaginação.

Com que sonho? Não sei bem não.
Talvez com me bastar, feliz
– Ah feliz como jamais fui! –
Arrancando do coração
– Arrancando pela raiz –
Este anseio infinito e vão
De possuir o que me possui.

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