sexta-feira, 13 de julho de 2012

Gregório de Matos, "Carregado de mim ando no mundo".


Carregado de mim ando no mundo,
E o grande peso embarga-me as passadas,
Que, como ando por vias desusadas,
Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo.

O remédio será seguir o imundo
Caminho, onde dos mais vejo as pisadas,
Que as bestas andam juntas mais ousadas
Do que anda só o engenho mais profundo.

Não é fácil viver entre os insanos,
Erra quem presumir que sabe tudo
Se o atalho não soube dos seus danos.

O prudente varão há de ser mudo,
Que é melhor neste mundo, mar de enganos,
Ser louco c'os demais que, só, sisudo.


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