segunda-feira, 16 de julho de 2012

Kaváfis, "23ª Reflexão sobre poesia e ética"


A quadra do ano de que mais gosto é o verão. Os verdadeiros verões, do Egito e da Grécia - com seu sol causticante, seus triunfais pinos do dia, suas extenuantes noites de agosto. Não posso no entanto dizer que trabalhe mais - artisticamente - durante o verão. As imagens e sensações estivais me infundem numerosas impressões; todavia, não sei de as ter representado ou traduzido de pronto numa composição literária. Digo "de pronto" porque as impressões artísticas demoram a ser usadas, a gerar outros pensamentos, a transformar-se sob a ação de novas influências, e quando enfim se cristalizam em palavras escritas, é difícil lembrar a ocasião primeira onde nasceram e de onde se originam as palavras escritas.


                                                                                   (verão de 1909)

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