sábado, 8 de setembro de 2012

Camilo Pessanha














"Ao longe os barcos de flores"

Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, grácil, na escuridão tranqüila,
Perdida voz que de entre as mais se exila,
Festões de som dissimulando a hora.
Na orgia, ao longe, que em clarões cintila
E os lábios, branca, do carmim desflora...
Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, grácil, na escuridão tranqüila,
E a orquestra? E os beijos? Tudo a noite, fora,
Cauta, detém. Só modulada trila
A flauta flébil... Quem há de remi-la?
Quem sabe a dor que sem razão deplora?
Só, incessante, um som de flauta chora...

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