quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Leonor Scliar-Cabral, "De mãos dadas"

 
Adeus, dá-me tua mão, porque já vais.
Nesse adeus fica um pouco do que eu fui,
de um Rio que eu vivi, que não é mais
senão fugaz lembranças que dilui
 
com a passageira carne já expirando.
Onde estão os amigos, as amantes,
as conversas nos bares, dissipando
uma eterna alegria que, incessante,
 
marulhasse na praia enluarada?
Somente os dois restamos. Ao partires
ninguém partilhará nessas mãos dadas
 
nosso sonho que nunca feneceu,
sem precisar falar. Rogo imprimires
na palma, ó meu amigo, o teu adeus!
 

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