segunda-feira, 21 de abril de 2014

Paulo Henriques Britto













"III º Lamento"

Nada nas mãos nem na cabeça, nada
no estômago além da sensação vazia
de haver ultrapassado toda sensação.

É em estado assim que se descobre a verdade,
que se cometem os grandes crimes, os gestos
mais sublimes, ou então não se faz nada.

É como as cobras. As mais silenciosas,
de corpo mais esguio, de cor esmaecida,
destilam o veneno mais perfeito.

Assim também os poemas. os mais contidos
e lisos, os que menos coisa dizem,
destilam o veneno mais perfeito.

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