sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Moacir de Almeida


















"Desesperação de cinzas"

No martírio das minhas esperanças,
Tive raivas, blasfêmias, desvarios...
E ergui meus braços, hirtos como lanças,
Contra os astros sonâmbulos e frios.  

Porque jamais os sóis, em noites mansas,
Rasgassem luz nos meus fatais transvios,
Abri-me em ódios e desesperanças,
Como um vulcão se abre em clarões bravios.  

E - cratera de anátemas e assombros —
Tudo queimei em brasas de tormentos...
E, hoje, que o amor despenha em lama e escombros,

- Contra as constelações, a escurecê-las,
Arrojo as cinzas do meu tédio aos ventos
E a fumaça dos sonhos às estrelas...
 

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