sexta-feira, 30 de junho de 2017

Alexei Bueno, "O mago"


Eu amo os bosques e as ruínas e os conventos
E toda parte onde o mistério nos destrua,
Pois nada vale ir decifrar com gestos lentos
A mão sem causa que fez tudo e a tudo estua.

Era impossível que algo houvesse, e tais tormentos
Vêm de ainda assim este algo haver, enquanto a lua
Que por verdade não nascera assopra os ventos
Aos nossos olhos também falsos desta rua.

Oh! alamedas, catedrais, sombras pendentes,
Por ser sem fruto ainda buscar nos entregamos
De uma só vez a este mistério que encarnamos,

Numa volúpia de esquecer, da noite ausentes,
Como o mendigo que sem forças para a sorte
Se entrega inteiro à sua garrafa e à sua morte!

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