domingo, 22 de outubro de 2017

Abgar Renault, "Parênteses"


(Mas quatrocentos anos de te doeres
não te dariam fruto nem coroa,
nem pó sutil dos pés do ser dos seres
ou folha da floresta onde ele voa.

Abrires-te ou fechares-te ou romperes
o frio céu, que as vidas afeiçoa,
não movera pesares, nem prazeres
na estrela, esfinge, pássaro, leoa.

Há infinitos pela estrada morta
entre os olhos e o olhar, e a oclusa porta
é um pensamento de deserto e vento.

Há um pêndulo parando de cansaço,
uma espiral que tenta o esquivo espaço
e, antes do chão, este esvaecimento.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário