domingo, 8 de outubro de 2017

Ruy Espinheira Filho, "Soneto da alma como um rio"


Penso sempre tua alma como um rio
em que de mim não se reflete nada
agora. Antes, talvez uma apagada
sombra se percebesse, mas um frio

vento soprou o tempo, e eis que um vazio
se fez. E então já não restou mais nada,
a escassa sombra foi-se, dissipada,
e tudo se apagou de mim no rio.

Contou-me um conto e agora já mais nada
se reflete de mim. Só há o frio
cantando uma esperança naufragada.

Não tem culpa tua alma desse frio
lembrando-me que sou água passada,
pois, como o rio, é sempre outro rio...

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