quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Bernardo Guimarães, "Saudade"


Vem, ó saudade, toma-me em teu carro,
Em teu regaço leva-me dormindo,
Entre fagueiros sonhos embalado
       Por esse espaço infindo.
Leva-me além daquele erguido monte,
Que lá campeia quase que sumido
       Nas brumas do horizonte.

Leva-me além - oh! muito além ainda;
Do eterno plaino largo campo fende;
E entre escalvadas serranias broncas
       O carro teu suspende.
Aí nas abas de sombrio morro
Abate o vôo, e deixa-me nos braços
       Daquela por quem morro.

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