Embora a velha roseira insista neste agosto
e confirmem o recomeço estas mulheres grávidas,
eu sofro de um cansaço, intermitente como certas febres.
Me acontece lavar os cabelos e ir secá-los ao sol,
desavisada. Ocorre até que eu cante.
Mas pousa na canção a negra ave e eu desafino rouca,
em descompasso, uma perna mais curta,
a ausência povoando todos os meus cômodos
a lembrança endurecida no cristal
de uma pedra na uretra.
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Adélia Prado, "Endecha"
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Olá, João Renato.
ResponderExcluirAdoro a poesia de Adélia Prado e "Endecha" foi um dos primeiros que li e, sinceramente, meus olhos ficaram de joelhos. Tinha que ser. É lindo existencialista, combina com qualquer um vivente humano.
Olá, Marta.
ResponderExcluirTambém gosto muito.
Adélia cria imagens poéticas fantásticas com fatos do cotidiano.
Abraço,
JR.