sexta-feira, 13 de maio de 2011

Armando Freitas Filho, "Amar ..."

                                                para cri

Amar
é mergulhar de cabeça
sem saber nadar
sem saber de nada
ao seu encalço
numa piscina
como uma camicase
pulando do último
do mais alto trampolim
de mim
                        sem asa-delta
salva-vidas, pára-quedas
sem perguntar
sem sequer pensar
se lá embaixo
vou encontrar água
ou o ladrilho do vazio?

Amar
é ter que inventar
mãos tão macias e cuidadosas
como nenhum Nívea
jamais ousou fazer
para melhor pegar
como quem pega, no céu
sem rasgar
                        o corpo de uma nuvem
seu vôo de papel de seda
                        sem slow/snow motion
ou ainda alcançar
e reter
                        entre os dedos
a fuga do perfume
do seu sonho
solto em minha fronha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário