sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Luis de Camões, "Busque Amor novas artes ..."


Busque Amor novas formas, novo engenho
Para matar-me, e novas esquivanças,
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal pode tirar-me o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho *.

Mas, enquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei com e dói não sei porquê.

*  lenho  - Navio, nau, embarcação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário