domingo, 28 de outubro de 2012

Paulo Henriques Britto, "1º Soneto da Biographia Literaria"


Lembranças pouco nítidas, provavel-
mente falsas. Imagens que se ordenam
segundo uma lógica indecifrável,
talvez inexistente. Mas que acenam,

uma porta entreaberta - não, fechada -
uma criança que não reconheço:
ou seja, muito pouco mais que nada.
É tudo que me resta do começo

disso que agora pensa, fala e sente
que pode ser denominado "eu".
Claro que houve um instante crucial

em que esses cacos mal e porcamente
colaram-se. E pronto: deu no que deu.
Já é alguma coisa. Menos mal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário