sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Jair Ferreira dos Santos, "Mando flores"


Jamais em junho haverá outro inverno
em que o amor tenha saciado tanto.
Teu perfil no meu é menos um reflexo
que um caos de beijos numa lei que dança.

Ainda ronda teu riso pelo quarto
e preso dele escrevo nas paredes
palavras mágicas com que viaje armada
minha boca no enigma da tua sede.

Sei quanto nos separa. Nada conta.
Na Pérsia um miniaturista te desenha
como a mulher que ensinou seu nome
ao cego e doce pássaro do desejo.

Mando flores. São joias do instante.
Basta a intensa rosa que se abre
devastando o vazio com sua chama.
Só é perfeita a vida enquanto arde.

Nenhum comentário:

Postar um comentário