sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Alphonsus de Guimaraens Filho, "Esta noite"


Esta noite terrível, tão terrível,
Tão profunda, tão noite. Debruçado
Sobre as teias de sombras do invisível,
O homem quer o silêncio iluminado.

Intermitente frêmito dorido,
Percute em tudo um canto que atravessa
O céu longínquo já de nós perdido,
Mas onde atrai um sonho que não cessa.

Fria noite total! Nela se apreende
Luz há muito apagada e dissolvida
Como um sopro de treva que se rende
À ânsia de claridade - a própria vida.

Somos canto, não mais, e navegando
Noturnos somos, cegos, esperando.

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