segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Eucanaã Ferraz, "O amor?"


Não, não é uma flor
(pelo puríssimo prazer
do não-ser). Mas

você quer tentar
novamente, está bem.
Pense nela como: bicho.

Abeire-se dele, do abdômen,
aborde mais, chegue
à borda, toque

com o bordo, dobre
as costelas (algo de barco
no bicho).

Ele ri de você
ao vê-lo assim: curvado,
tal qual um sinal

de interrogação, abelha
vasculhando abestalhada
o que possa ser bicho-barco-flor

ou uma abertura para isso, disso,
fissura, fresta,
furo

(você o pensa como: poço?).
Não vale a pena se abespinhar.

Faça melhor:
abisme-se
caindo

em admirações tamanhas
que de lá não possa sair.
Afinal, o amor é isso

(se fosse), pelo despenhadeiro prazer
de jamais oferecer garantias,
arras, bula.




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