sábado, 15 de fevereiro de 2014

Jorge Luis Borges, "O mar"


Antes que o sonho (ou o terror) tecesse
mitologias e cosmogonias,
antes que o tempo se cunhasse em dias,
o mar; sempre o mar, já estava e era.
Quem é o mar? Quem é o violento
e antigo ser que destrói os pilares
da terra, e é só um e muitos mares,
e abismo e resplendor e azar e vento?
Quem o olha, o vê pela primeira vez,
sempre, e com o assombro que as coisas
elementares provocam; as formosas
tardes, a lua, o fogo da fogueira.
Quem é o mar, quem sou eu? Sei-o no dia
que virá logo após minha agonia.

Tradução amadora minha.


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