sábado, 5 de julho de 2014

António Gomes Leal, "A visita"


Ontem dormia à noite—e, eis que desperto
Sacudido d'um vento agudo e forte,
Como um homem tocado pela Morte,
Ou varrido d'um vento do deserto,

Acordei - era Deus, que de mim perto,
Me dizia: "Alma cética e sem norte!
É preciso que creias e te importe
Adorar o Deus Uno, Eterno, e Certo! 

É preciso que a fé cresça em tua alma
Como no inútil saibro a verde palma,
Verme! filho da Dúvida—Eis-me aqui!

Eu sou a Espada, o Antigo, o Onipotente!
Crê barro vil!"—Mas eu, descortesmente,
Voltei-me do outro lado e adormeci.

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