domingo, 30 de agosto de 2015

Paulo Mendes Campos, "O suicida"

 
Quando subiu do mar a luz ferida,
Ao coração desceu a sombra forte,
Um homem triste foi buscar a morte
Nas ondas, flor do mal aos pés da vida.
 
Com lucidez tremeu olhando tudo,
Como um falcão de súbito no alto
Estremece sentindo o sobressalto
Do abismo que lhe fala porque é mudo.
 
Às vezes vou ali, fico a pensar
Na paz que lhe faltou e que me falta
E no confuso alarme do meu fim.
 
O infinito silêncio me diz –– “salta”,
Enquanto faz-me a brisa respirar
O fumo da cidade atrás de mim.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário