quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Eucanaã Ferraz












"Romântica"

Quantos de nós quereriam viver não a vida
mas o filme, quando a vida não é vida
e não se morre na morte e o que finda
não apodrece porque logo é outro set;

vida em que se passa a solvo de um dia
a outro sem que se viva a semana entre
eles; viver sob as ordens de um destino
por escrito que sabemos previamente

e o vivemos sem vivê-lo. A força dos fortes
que voam; bandos que matam sem matar;
fracos que não desistem; bravos que no fim
se vigam. Tantos de nós desejaríamos

ter vivido e ter amado amores desgraçados,
cuja beleza, tão bela, era mais bela que
a dor e a dor era mais a beleza que o doer.
Queríamos que fosse não a vida, mas

a cena e a canção crescendo no momento
certo da alegria, no instante do beijo,
no clímax. Close: quando errássemos,
bem na hora, a voz de um Deus dizendo

corta!

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