terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Gomes Leal, "Remorso tardio"


Quando na avara pátria, abandonado,
morreu um gênio, um sol d'infindo brilho,
a Pátria diz: - "Morreu um desvairado,
um poeta, um ninguém, um maltrapilho!"

Tempos depois, se o luminoso trilho
desse astro já assombra o mundo, alado,
a Pátria diz: - "Ó pranto inconsolado!
nas faces me correi! Morreu meu filho!"

Porém, mais tarde, quando passam eras,
quando a açoita o remorso ante o infinito,
e um horror noutro horror solene cai...

cheia d'angústia e lágrimas sinceras,
trágica, olhando a sombra, e dando um grito,
a Pátria ulula: - "Assassinei-te ó pai!"

Nenhum comentário:

Postar um comentário