sexta-feira, 28 de julho de 2017

Darcy Damasceno














"Não mais à margem de algum rio escuto..."

Não mais à margem de algum rio escuto
Em fuga as águas, a que, um tempo, afeito,
Ouvidos dei, querendo-as cá no peito
Imagem minha, espelho do meu luto:
Antes, austero e coração enxuto,
Aos céus olhei, olhando-os bem ao jeito
De quem despiu metáfora e conceito
E viu no barro o triste do atributo.
Barro desnudo, barro desamado,
Sem rumor de onda e voz de primaveras,
Barro sujeito, mais que predicado,
E barro os olhos com que olhei, à beira
De um rio incerto, mas onde houve esperas,
Ó alma revel, prenúncio de poeira.

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