segunda-feira, 10 de julho de 2017

Francisco Marcelo Cabral, " Outro talvez te amasse mais ameno..."


Outro talvez te amasse mais ameno,
ou mais terras de além, praias e espantos;
outro talvez, outrora, ora sereno,
ora crispada crista, espuma e planctos,
te afagasse com o falso desempeno
de longilíneos enfunados mantos;
eu te quero sem planos, mas tão pleno,
que nem tento um intento e eles são tantos;
eu te quero tão manso e tão intenso,
que o senso verdadeiro não alcanço:
olha o mar, olha o mar como é imenso,
olha bem como é belo o seu balanço!
Quero te amar amargurado e denso
Com inventos de vento e sem descanso.

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