segunda-feira, 23 de abril de 2018

Eugénio de Andrade, "Com o mar"


Trago o mar todo na cabeça
daquele modo que as mulheres novas
dão de mamar aos filhos:
o que me não deixa dormir
não é o marulho das suas vagas,
são essas vozes
que na rua se levantam a sangrar
para voltarem a cair,
e rastejando
vêm morrer à minha porta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário