sábado, 19 de fevereiro de 2011
Olavo Bilac
"A um poeta"
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre e sua!
Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo; que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.
Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício.
Porque a beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a Graça na simplicidade.
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