Um momento há na vida, de hora nula,
em que o poema vê tudo, viu, verá;
e a si mesmo, na cera em que se anula,
sob o fogo dos céus, consumir-se-á.
Há nas fomes dos tempos, uma gula,
uma vicissitudes, fados, ah!
Há tempos em que o canto se modula
sob sibilo de cassandra má.
Vejo morrer, ó céus, em dura lei,
meus membros, minhas vísceras, meus ossos
sob as rosas de lava que inventei.
Antes que os lábios, amanhá, ó poema,
hirtos se calem, vossos, serão vossos,
esses cantos de renunciação.
segunda-feira, 27 de junho de 2011
Jorge de Lima, Poema IX do Canto VI (Canto de Desaparição), da Invenção de Orfeu.
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O poeta improvisa o futuro através de seus versos...
ResponderExcluirLindo poema João, sigo com prazer o teu blog.
Ótima semana