As ondas amarguradas
Encostam a cabeça na pedra do cais.
Até as ondas possuem
Uma pedra para descansar a cabeça.
Eu na verdade possuo
Todas as pedras do mundo,
Mas não descanso.
As mulheres me dão corda
Mas somem nas alturas.
Eu apalpei aquele seio,
Minhas mãos ficaram boquiabertas.
Aqueles olhos gritaram na minha direção
Mas depois desfaleceram.
O mundo se desfaz em pedra
Na minha direção,
Mas as pedras marcham, não param,
Não poderei descansar.
A poesia é muito grande,
Mas o alfabeto é curto
E a preguiça, bem comprida.
O amor é muito grande
Mas não é puro, as mulheres
Toda hora humilham a gente
Com golpes fundos de olhares,
Com arrancadas de seios...
Mas assim mesmo inda é bom.
sábado, 25 de junho de 2011
Murilo Mendes, "Mas"
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