Cravava cuidadosamente um prego na parede, quando
pressentiu que, como água dum cano que se rompesse,
o futuro poderia jorrar de súbito na cal, uma substância
na aparência cristalina mas em cujo seio as formas
do presente se diluiriam todas, como se, com os seus
contornos, igualmente se perdesse o seu sentido, e um sol
que por um impressionante acidente cronológico se deslocasse,
por pouco que fosse, do presente para o futuro,
se esvaziasse então no céu, deixando atrás de si
uma cicatriz imensa.
quinta-feira, 2 de junho de 2011
Luís Miguel Nava, "Um prego"
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